Sociologia 3º Ano
· Sócrates Método
· Platão Republica
· Sigmund Freud – Psicanálise humana
· Karl Marx – Materialismo Histórico
· Antonio Maquiavel – Política
Sócrates Método:
Sócrates adoptava sempre pelo diálogo, costumava iniciar uma conversação fazendo perguntas e obtendo dessa forma opiniões do interlocutor, que ele aparentemente aceitava. Depois, por meio de um interrogatório hábil, desenvolvia as opiniões originais da pessoa arguida, mostrando a tolice e os absurdos das opiniões superficiais e levando e presumido possuidor da sabedoria a se desconcertar em face das consequências contraditórias ou absurdas das suas opiniões originais e a confessar o seu erro ou a sua incapacidade para alcançar uma conclusão satisfatória. Esta primeira parte do método de Sócrates, destinada a levar o indivíduo à convicção do erro, é a ironia. Depois, continuando a sua argumentação e partindo da opinião primitiva do interlocutor – desenvolvia a verdade completa. Sócrates deu a esta última parte a designação de maiêutica - a arte de fazer nascer as ideias. É este o método que encontramos amplamente desenvolvido nos diálogos socráticos de Platão.
Platão Republica:
Em A República, Platão idealiza uma cidade, na qual dirigentes e guardiães representam a encarnação da pura racionalidade. Neles encontra discípulos dóceis, capazes de compreender todas as renúncias que a razão lhes impõe, mesmo quando duras. O egoísmo está superado e as paixões, controladas. Os interesses pessoais se casam com os da totalidade social, e o príncipe filósofo é a tipificação perfeita do demiurgo terreno. Apesar de tudo isso e desse ideal de Bem comum, Platão parece reconhecer o caráter utópico desse projeto político, no final do livro IX de A República.
Tendo em vista esse ideal, o trabalho manual continuava não valorizado no âmbito da cidade-estado. A classe dos trabalhadores não era classe cidadã, pois não lhes sobrava tempo para a contemplação teórica da verdade e para a práxis política. Para Platão, o ideal humano se realizava na figura do cidadão filósofo, livre das incumbências da sobrevivência, constituindo um ideal altamente elitista.
Para além de todas as utopias da sua república ideal, da figura dos reis filósofos, devemos apreciar o ideal ético de Estado e o esforço de Platão para desvendar os vínculos que ligam os destinos das pessoas ao destino da cidade.
Platão acreditava numa alma imortal, que já existia no mundo das Idéias antes de habitar nosso corpo. Assim que passa a habitá-lo esquece das Idéias perfeitas. Então o mundo se apresenta a partir de uma vaga lembrança. A alma quer voltar para o mundo das Idéias. Um dos primeiros críticos de toda essa teoria de Platão foi um de seus alunos da Academia, Aristóteles.
Sigmund Freud – Psicanálise humana:
A psicanálise é um método de tratamento para perturbações ou distúrbios nervosos ou psíquicos, ou seja, provenientes da psique; bastante diferente da hipnose ou do método catártico. A terapêutica pela catarse hipnótica deu excelentes resultados, não obstante as inevitáveis relações que se estabeleciam entre médico e paciente. Posteriores investigações levaram Freud a modificar essa técnica, substituindo a hipnose por um método de livre associação de idéias (psicanálise).
O método psicanalítico de Sigmund Freud, consistia em estabelecer relações entre tudo aquilo que o paciente lhe mostrava, desde conversas, comentários feitos por ele, até os mais diversos sinais dados do inconsciente.
O psicanalista deveria "quebrar" os vínculos, os tratos que fazemos ao nos comunicarmos uns com os outros. Ele não poderia ficar sentado ouvindo e compreendendo apenas aquilo que o seu paciente queria dizer conscientemente, mas perceber as entrelinhas daquilo que ele o diz. É o que se chama de quebra do acordo consensual. Há uma ruptura de campo, pois o analista não se restringe somente aos assuntos específicos, e sim ao todo, ao sentido geral.
Freud sempre achou que existia um certo conflito entre os impulsos humanos e as regras que regem a sociedade. Muitas vezes, impulsos irracionais determinam nossos pensamentos, nossas ações e até mesmo nossos sonhos. Estes impulsos são capazes de trazer à tona necessidades básicas do ser humano que foram reprimidas, como por exemplo, o instinto sexual. Freud vai mostrar que estas necessidades vêm à tona disfarçadas de várias maneiras, e nós muitas vezes nem vamos ter consciência desses desejos, de tão reprimidos que estão.
Freud ainda supõe, contrariando aqueles que dizem que a sexualidade só surge no início da puberdade, que existe uma sexualidade infantil, o que era um absurdo para a época. E muitos de nossos desejos sexuais foram reprimidos quando éramos crianças. Estes desejos e instintos, sensibilidade sensitiva que todos nós temos, são a parte inconsciente de nossa mente chamada id.É onde armazenamos tudo o que foi reprimido, todas as nossas necessidades insatisfeitas. "Princípio do prazer" é esta parte que existe em cada um de nós. Mas existe uma função reguladora deste "princípio do prazer", que atua como uma censura ante aos nossos desejos, que é chamada de ego. Precisamos desta função reguladora para nos adaptarmos ao meio em que vivemos. Nós mesmos começamos a reprimir nossos próprios desejos, já que percebemos que não vamos poder realizar tudo o que quisermos. Vivemos em uma sociedade que é regida por leis morais, as quais tomamos consciência desde pequenos, quando somos educados. A consciência do que podemos ou não fazer, segundo as regras da sociedade em que vivemos é a parte da nossa mente denominada superego (princípio da realidade). O ego, vai se apresentar como o regulador entre o ide o superego, para que possamos conciliar nossos desejos com o que podemos moralmente fazer. O paciente neurótico nada mais é do que uma pessoa que despende energia demais na tentativa de banir de seu consciente tudo aquilo que o incomoda (reprimir), por ser moralmente inaceitável.
A psicanálise se apoia sobre três pilares: a censura, o conteúdo psíquico dos instintos sexuais e o mecanismo de transferência. A censura é representada pelo superego, que inibe os instintos inconscientes para que eles não sejam exteriorizados. Nem sempre isso ocorre, pode ser que eles burlem a censura, por um processo de disfarce, manifestando-se assim com sintomas neuróticos. Existem diversas formas de exteriorizarmos nossos instintos inconscientes: os atos falhos, que podem revelar os segredos mais íntimos e os sonhos. Os atos falhos são ações inconscientes que estão em nosso cotidiano; são coisas que dizemos ou fazemos que um dia tínhamos reprimido. Por exemplo: certo dia, um bispo foi visitar a família de um pastor, que era pai de umas meninas adoráveis e muito comportadas. Este bispo tinha o nariz enorme. O pastor pediu às suas filhas para que não comentassem sobre o nariz do bispo, pois geralmente as crianças começam a rir quando notam este tipo de coisa, já que o mecanismo de censura delas não está totalmente formado. Quando o bispo chegou, as meninas se esforçaram ao máximo para não rirem ou fazerem qualquer comentário a respeito do notável nariz, mas quando a irmã menor foi servir o café, disse:
- O senhor aceita um pouco de açúcar no nariz ?
Este é um exemplo de um ato falho, proveniente de uma reprimida vontade ou desejo. Outro meio de tornarmos conscientes nossos desejos mais ocultos é através dos sonhos. Nos sonhos, o nosso inconsciente (id) se comunica com o nosso consciente (ego) e revelamos o que não queremos admitir que desejamos, pelo fato da sociedade recriminar (principalmente os de caráter sexual).
Os instintos sexuais são os mais reprimidos , visto que a religião e a moral da sociedade concorrem para isso. Mas, é aí que o mecanismo de censura torna-se mais falho, permitindo assim que apareçam sintomas neuróticos. Explicando a sua teoria da sexualidade, Freud afirma que há sinais desta logo no início da vida extra uterina, constituindo a libido.
A libido envolve do nascimento à puberdade, períodos de gradativa diferenciação sexual. A primeira fase é chamada de período inicial, onde a libido está direcionada para o próprio corpo, oral e analmente. A segunda fase, o período edipiano, que se caracteriza por uma fixação libidinal passageira entre os 4 e os 5 anos, também conhecida como "complexo de Édipo", pelo qual a libido, já dirigida aos objetos do mundo exterior, fixa a sua atenção no genitor do sexo oposto, num sentido evidentemente incestuoso. Por fim o período de latência, iniciado logo após a fase edipiana, só irá terminar com a puberdade, quando então a libido toma direção sexual definida.
Esses períodos ou fases são essenciais ao desenvolvimento do indivíduo, se ele as resolver bem será sadio, porém qualquer problema que porventura ele tiver em superá-las, certamente iniciará um processo de neurose.
Último dos pilares da psicanálise, a transferência, é também uma arma, um trunfo usado pelos psicanalistas para ajudar no tratamento do paciente. Naturalmente, o paciente irá transferir para o analista as suas pulsões, positivas ou negativas, criando vínculos entre eles. O tratamento psicológico deve, então, ser entendido como uma reeducação do adulto, ou seja, uma correção de sua educação enquanto criança.
Assim, Freud desenvolveu um método de tratamento que se pode igualar a uma "arqueologia da alma", onde o psicanalista busca trazer à luz as experiências traumáticas passadas que provocaram os distúrbios psíquicos do paciente, fazendo com que assim, ele encontre a cura.
Karl Marx – Materialismo Histórico:
O materialismo histórico é um marco teórico que visa explicar as mudanças e o desenvolvimento da história, utilizando-se de fatores práticos, tecnológicos (materiais) e o modo de produção.
Na perspectiva do materialismo histórico, as mudanças tecnológicas e do modo de produção são os dois fatores principais de mudança social, política e jurídica.
O materialismo histórico é associado ao marxismo e muitos acreditam que foi Karl Marx que desenvolveu esta teoria. Porém, o desenvolvimento desta teoria esta presente na história da sociologia e antropologia. Porém, o materialismo histórico se popularizou com o desenvolvimento do marxismo no final do século XIX e começo do XX.
Antonio Maquiavel – Política:
A partir da principal obra de Nicolau Maquiavel (O Príncipe - 1513), Gramsci afirma que, na modernidade, o príncipe não pode ser um indivíduo, mas sim um organismo determinado pelo desenvolvimento histórico: o partido político, fruto da “vontade coletiva”. O partido moderno, na visão de Antonio Gramsci, é o centro de uma ampla rede de instituições sociais e políticas que compõem a sociedade civil. “O príncipe toma o lugar, nas consciências, da divindade ou do imperativo categórico, torna-se a base de um laicismo moderno e de uma laicização completa de toda a vida e de todas das relações de costume” (p.9).
O autor ressalta que a ciência política deve ser concebida como um “organismo em desenvolvimento” e observa que Maquiavel dava uma idéia de autonomia à política, mas que suas idéias ainda não se transformaram em senso comum. No entanto, nota ele, em O Príncipe, Maquiavel não escrevia para os governantes de seu tempo, mas que ele pretendia “educar politicamente quem não sabe” sobre política. Gramsci discute a concepção de “maquiavélico” e afirma: “o maquiavelismo serviu para melhorar a técnica política tradicional dos grupos dirigentes conservadores” (p11).
Diante dessas afirmações, o autor se propõe a resolver o que para ele é uma questão inicial para analisar Maquiavel, que é a política como ciência autônoma. Ele cita Croce e sua teoria do “erro” e discute as influências que o autor de O Príncipe recebeu da sua época histórica. Ao contrário dos que se intitulam antimaquiavélicos, Gramsci deixa claro sua defesa da obra do autor e afirma “a sua ferocidade dirige-se contra os resíduos do mundo feudal, não contra as classes progressistas. O Príncipe deve acabar com a anarquia feudal” (p.15).
Gramsci também analisa os elementos que precisa haver para a política de concretizar e o primeiro deles é a existência de governados e governantes, dirigentes e dirigidos. Para ele, isso é um fato primordial. E é a partir dessa concepção que ele vê a importância dos partidos políticos para aperfeiçoar esses dirigentes. Nesse sentido, o partido surge na cena política como o novo Príncipe e a expressão de um grupo social, e ressalta que, às vezes, um jornal opera como uma força dirigente ou assume funções de um determinado partido. O autor também descreve os grupos fundamentais de elementos que precisam ocorrer para que um partido exista e também cita que em determinados casos, o partido exerce a função de polícia.
A seguir, ele discorre sobre a utilização dos partidos pelos grandes industriais e, trazendo como exemplo a Inglaterra, afirma que eles “utilizam alternadamente todos os partidos existentes, mas não têm um partido próprio”. Gramsci também analisa o “economismo” e sindicalismo teórico.
Existe, segundo ele, uma “dupla perspectiva”, que está presente tanto na ação política como na vida estatal. Essa idéia está vinculada à previsão e, voltando a Maquiavel, o autor afirma que ele era um homem de ação e que se interessava pelo “dever ser” e suas preocupações iam muito além da “realidade factual”.
O autor analisa as ações de estratégia e tática, as relações de força e análise de conjuntura necessária para se obter êxito e ressalta “tais análises não se encerram em si mesmas, mas adquirem um significado se servem para justificar uma atividade prática, uma iniciativa de vontade” (p.54).
Sobre as crises hegemônicas das classes dirigentes, Gramsci faz algumas observações e assinala os perigos de soluções rápidas, representadas “pelos homens providenciais ou carismáticos”. A partir dessa análise, ele se detém sobre o advento do cesarismo, comum a vários países, e diferencia esse fenômeno em progressistas e reacionários, lembrando que no mundo moderno são diferentes dos já vistos anteriormente.
Gramsci mostra a diferenciação entre luta política e guerra militar, verificando que na “luta política, além das guerras de movimento, de cerco ou de posição, existem outras formas” (p.69). Ele também discorre sobre o conceito de “evolução passiva” e sobre a questão da burocracia, que está vinculada à formação de um funcionário de carreira, ao longo do desenvolvimento histórico, e também se relaciona ao “centralismo orgânico”.
Nas últimas páginas desse capítulo, o autor escreve sobre as diferenciações e similitudes da sociologia e a ciência política, a questão do homem coletivo e do conformismo social, fala também sobre a fase econômica corporativa do Estado e a hegemonia.
Por fim, o autor analisa as relações da política com o direito constitucional e retoma Maquiavel para explicar que: “A tradução de príncipe poderia ser partido político. Na realidade de todos os Estados, o chefe do Estado, é exatamente o partido político; ele, porém, ao contrário do que se verifica no direito constitucional tradicional, nem reina nem governa juridicamente: tem o poder de fato; mas de tal modo se entrelaça de fato com a sociedade política, que todos os cidadãos sentem que ele reina e governa” (p.102).